Doença de Kienbock

A doença de Kienbock é uma condição onde um dos ossos que fazem parte do punho (do carpo, conhecido como osso semilunar), não recebe a quantidade de sangue necessária e, por isso, começa a deteriorar (necrosar), causando dor constante no punho e dificuldade para movimentar o mesmo. É uma doença rara, e existem algumas hipóteses que tentam explicar a etiologia desta doença (fraturas por impacção do semilunar, microfraturas ou fraturas por estresse); no entanto, até o momento, não há evidências que comprovem essas teorias. Sabe-se que afeta mais comumente homens e adultos jovens e que apresenta caráter unilateral.

Esta doença é classificada de acordo com o comprometimento do osso semilunar e da articulação radiocárpica. Ao passo que a necrose progride, a matriz óssea vai sendo reabsorvida e diminuindo de tamanho, deste modo, outros ossos alteram sua posição ocupando a antiga posição do osso acometido. Esta alteração resulta em muita dor no punho, que pode alcançar o antebraço, e limitar os movimentos do punho.

Para fazer o diagnóstico a realização de alguns exames são fundamentais: como Radiografia, Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear Magnética. Estes exames também facilitam a avaliação do grau de evolução do problema (estágios de Lichtman):

• Estágio 1: radiografia geralmente normal, mas a ressonância magnética indica falta de circulação para o osso (normal ou fratura linear);
• Estágio 2: o osso semilunar começa a ficar mais duro devido à falta de circulação e, por isso, aparece com uma coloração mais branca que os restantes ossos do punho na radiografia (aumento da densidade óssea);
• Estágio 3: começa a apresentar fratura e, por isso, os exames podem mostrar o vários pedaços no local do osso e alteração da posição dos ossos (colapso articular e estabilidade escafóide);
• Estágio 4: fase mais avançada, onde temos deterioração dos ossos em volta além das fraturas do semilunar, causando o surgimento de artrite no pulso (colapso avançado e instabilidade carpo).

Frequentemente, os sintomas da doença de Kienbock começam com a dor progressiva do punho na área do osso semilunar, localizado ao centro, na base do mesmo e em muitos casos, há um inchaço no pulso. Com o avanço da doença, a dor no pulso vai se tornando mais intensa, além de os movimentos se tornarem mais difíceis, gerando rigidez. Algumas vezes ela pode ser confundida com outras doenças, como a Síndrome do Túnel do Carpo.

O tratamento é feito para aliviar a dor e a dificuldade de movimentos, para isso existem várias formas de tratamento. Alguns casos melhoram apenas com a imobilização, sobrecarregando menos o osso, diminuindo a inflamação e a pressão no local. O uso de anti-inflamatórios, acompanhados ou não de fisioterapia, podem ser tentados (realização de alguns exercícios de alongamento, ajudam a aliviar a pressão dos músculos sobre os ossos, aliviando a dor e melhorando movimentos).

O tratamento cirúrgico geralmente é reservado para os casos que não respondem ao tratamento anterior ou os mais avançados. Nos casos dos estágios I e II, o tratamento consiste no alongamento da ulna ou encurtamento do rádio. Já quando se trata dos estágios intermediário (III) e avançado (IV), não há consenso entre os especialistas. Atualmente, o tratamento preconizado para o estágio III são as artrodeses intercarpais e artroplastia semilunar, ou a simples artroplastia de ressecção do semilunar. Nos casos do estágio avançado (IV) da doença, há a necessidade de salvação, como é o caso da artrodese de punho, especialmente para indivíduos mais ativos e a carpectomia proximal, objetivando preservar a mobilidade do punho. Também pode ser usada uma cirurgia na tentativa de redirecionar a circulação sanguínea para o osso semilunar, com enxertos vascularizados.