Esta doença foi descrita por um neuropatologista alemão, Martin Bernhardt (1844-1915), em 1878, mas foi Wladimir Karlovich Roth (1848-1916), um neurologista russo, que cunhou o termo “meralgia”.

A palavra “meralgia” vem de duas palavras gregas, “meros” que significa parte e “algos” que significa dor. Parestesia significa um distúrbio de sensações (formigamento, picada, queimação, anestesia); também vindo do grego “para” que significa funcionamento desordenado ou anormal e “esthesia” que significa sensibilidade.

A Meralgia Parestésica é uma mononeuropatia – uma condição clínica que resulta da compressão de um nervo, o  cutâneo femoral lateral, na região inguinal (virilha). Este nervo é responsável pela sensibilidade da porção anterolateral (frente e lado) da coxa. Suas principais manifestações são sensações cutâneas (da pele) como dormência, formigamento, queimação, frio e dor nesta região da coxa. Além disso, há redução da sensibilidade e hipersensibilidade ao toque na região afetada.

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É uma doença relativamente comum, provocada por fatores que predisponham à compressão do nervo ao nível do ligamento inguinal, que ocorre em indivíduos obesos, em mulheres grávidas, no uso de roupas apertadas na cintura. Os atletas também são sujeitos ao desenvolvimento da meralgia parestésica devido aos movimentos repetitivos de flexão e extensão do quadril.

A parestesia pode ocorrer devido a vários fatores, entre eles:

Fatores mecânicos (roupa apertada, cintos, obesidade e gravidez);

Desordens que afetam o Sistema Nervoso Central (derrame e ataque isquêmico transitório (conhecidos por mini-derrames), esclerose múltipla, mielite transversa, encefalite, etc);

Síndromes em que há o pinçamento do nervo (compressão);

Trauma (pós-cirúrgico do quadril, da região abdominal e inguinal; relacionado a plexopatia devido a hemorragia; lesões musculares ou traumatismos repetitivos).

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Os principais sintomas são a dormência (anestesia), formigamento, picadas ou coceira de forma intermitente. Também é comum queimação, ou frio, na superfície anterolateral da coxa (frente e lado), desde o quadril até o joelho, resultante da compressão do nervo cutâneo femoral lateral; dor recorrente frequente, às vezes sentida como uma dor muscular profunda. Pode haver perda de pelos no local e a posição pode agravar os sintomas. Pode ocorrer piora quando se estende o quadril e pacientes podem sentir dificuldades para ficar ereto ou para dormir.

O diagnóstico será feito em consulta médica com seu especialista, onde ele avaliará sua coxa e quadril. Também podemos lançar mão de exames de imagens como Radiografia (raio-X) do quadril e região pélvica, Ultrassonografia e Ressonância para avaliar musculatura e partes moles ao redor da articulação; e a Eletroneuromiografia, para excluir a possibilidade de outras patologias caso o diagnóstico não seja claro.

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O primeiro passo no Tratamento é a remoção da causa da compressão. Na maioria dos casos o manejo é feito conservadoramente, com fisioterapia, acupuntura, redução de peso (diminuindo circunferência abdominal), uso de roupas folgadas e medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios (quando indicados).

Quando estes não resolvem, o tratamento intervencionista minimamente invasivo é indicado; como agulhamento seco dos trigger points (pontos-gatilho) que podem estar causando compressão no nervo, bloqueio diagnóstico utilizando anestésicos locais fornecem alívio temporário, radiofrequência pulsada no nervo cutâneo lateral da coxa; bloqueio anestésico com corticosteróides (anti inflamatórios hormonais) repetidos em dias alternados.

E, se tudo falhar, o último degrau de tratamento é a cirurgia, com a descompressão local do nervo por uma neurólise.

 

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