Em torno das articulações, sobretudo próximo de superfícies ósseas mais proeminentes, existem estruturas semelhantes a pequenas bolsas, levemente cheias de líquido (líquido sinovial), chamadas bursas ou bolsas sinoviais. Essas bursas estão localizadas entre músculos, tendões e ossos, normalmente em pontos onde ocorre atrito entre essas estruturas. Elas tem a função de auxiliar no amortecimento de impacto e no deslizamento de uma estrutura sobre a outra, agindo como pequenas “almofadas”, que minimizam o atrito durante os movimentos que ocorrem nas articulações. O processo inflamatório de qualquer uma das bursas sinoviais recebe o nome de bursite e o principal sintoma é dor no local da bursa acometida. Existem centenas de bursas espalhadas pelo corpo e só na região do quadril encontram-se de 14 a 21 dessas estruturas, das quais quatro ou mais, estão situadas na porção mais saliente do quadril e inflamam mais comumente.

A Bursite do Quadril (ou Trocantérica) é uma causa comum de dor no quadril, os pacientes frequentemente sofrem limitação nas suas atividades físicas e dormem com dificuldade.

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A causa mais frequentemente da bursite é o microtrauma na região trocantérica, proveniente de estresse repetitivo nas estruturas locais. Esse estresse é resultado comumente de sobrecarga nos tendões e bursas provocada por excesso de carga durante uma atividade física; atrito por movimentos repetitivos, no caso da prática esportiva; desequilíbrio muscular ou fraqueza dos músculos que se inserem na lateral do quadril. Vale lembrar que em casos graves de fraqueza muscular, atividades leves como uma simples caminhada, podem ser consideradas sobrecarga e são suficientes para desencadear a lesão e os sintomas.

Além disso, a bursite trocantérica pode ser causada por trauma direto, por exemplo após queda e também por fatores que geram sobrecarga mecânica direta sobre essas estruturas: discrepância do comprimento dos membros (uma perna mais curta que a outra), quadris largos (uma das causas que justificam a maior incidência dessa doença em mulheres) e encurtamento do tecido fibroso na lateral do quadril (fáscia lata).

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Existem outros fatores de risco associados a essa doença, como por exemplo:  doenças na coluna lombar, doença na articulação sacroilíaca, entorse de tornozelo, artrite reumatóide, artrose de joelho, cirurgias anteriores no quadril, dentre outros. Acredita-se que essas alterações possam alterar a marcha e consequentemente irritar a bursa trocantérica.

O principal e mais comum sintoma da bursite do quadril é a dor lateral do quadril. A dor geralmente estende-se para porção posterior e inferior da coxa. Nos estágios iniciais, a dor é geralmente descrita como aguda e intensa e até mesmo como queimação. Mais tarde, as dores podem ser mais fortes e espalhadas, sendo mais difícil localizá-las. Normalmente, a dor é pior à noite, quando se deita sobre o quadril afetado e ao levantar de uma cadeira após um período sentado. Pode haver dificuldade para caminhar. A pressão direta sobre a bursa aumenta o quadro de dor e fica difícil deitar sobre o lado afetado. Por todas estas manifestações, a bursite trocantérica pode prejudicar o sono, evitar a realização de atividades físicas e reduzir significativamente a qualidade de vida.

Bursite trocantérica é a causa mais comum de dor lateral no quadril. Porém as seguintes outras causas também devem ser consideradas: problemas intra-articulares, rupturas nos tendões glúteos; fratura oculta; ressalto externo do quadril; metástases tumorais e outras causas incomuns.

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Para diagnosticar a bursite do quadril, o médico irá realizar um exame físico completo a procura de sensibilidade na área sobre o grande trocânter (lateral do quadril). O médico poderá realizar testes adicionais para descartar outras possíveis lesões ou doenças. Esses testes podem incluir radiografia (raios x), tomografia computadorizada (TC) e ressonância nuclear magnética (RNM).

O tratamento não cirúrgico da bursite trocantérica alcança resultados satisfatórios na maioria dos pacientes, incluindo o uso de medicações, fisioterapia e infiltrações. A resolução definitiva da bursite trocantérica pode ser difícil de ser alcançada em alguns casos, o que não significa que não haverá melhora dos sintomas com o tratamento. Alterações na marcha e função muscular também podem  ser corrigidas pela fisioterapia em alguns casos. A infiltração da bursa com anestésico e esteróide pode ser indicada quando as medidas anteriores não controlaram os sintomas.

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A tratamento cirúrgico é indicado na minoria dos pacientes, naqueles em que os sintomas causam importantes limitações e o tratamento sem cirurgia não trouxe bons resultados. A cirurgia envolve a retirada da bursa inflamada e geralmente a liberação de tecidos (fáscias) causando pressão sobre a bursa trocantérica. Os tendões abdutores são avaliados e rupturas podem ser reparadas. A cirurgia pode ser realizada de maneira tradicional, chamada aberta ou por videoartroscopia (a chamada cirurgia a laser). A evolução nos materiais e técnicas têm permitido que procedimentos cada vez mais complexos sejam realizados através da videoartroscopia do quadril.

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