A dor na região anterior do ombro pode ter inúmeras causas, dentre elas temos o Impacto Coracóide, patologia rara e que pode causar limitação ao paciente. O Impacto Coracóide do Ombro, ou Impacto Interno – Impacto Subcoracoideo, se caracteriza pelo impacto entre a tubérculo menor e o processo coracóide, que provoca a dor anterior no ombro do paciente, especialmente quando o braço é posicionado em adução e rotação medial. O espaço entre o processo coracóide e a tuberosidade menor, normalmente, é de 9 mm, podendo diminuir a 6,8 mm quando o braço é colocado em adução, pequena flexão e rotação medial (posição que mais causa o impacto interno).
Comumente a Síndrome do Impacto Coracóide ocorre em indivíduos jovens sem qualquer alteração no manguito rotador, mas pode estar relacionado a uma lesão extensa do manguito rotador (que gera desequilíbrio no ombro e promove o contato-atrito). Entre o Coracóide e a Tuberosidade Menor temos a porção mais superior do subescapular, além da porção superior e média do ligamento gleno-umeral anterior. Existem situações que levam a diminuição desse espaço, tais como: protuberância no tubérculo menor, anormalidades no tamanho ou orientação do processo coracóide, presença de um Ganglion ou tendinite calcárea no subescapular. Também temos atividades esportivas que podem levar a esse impacto (ginástica rítmica, esportes de arremesso, natação, tênis, etc).
O mais comum é uma história de micro-traumas por repetição, devido a manter o braço em posição de adução e rotação medial por período prolongado, seja no esporte ou em atividade laborativas. Movimentos bruscos repetidos também podem acarretar em um processo inflamatório localizado e dor, eventualmente associada a lesão do subescapular ou da polia do bíceps e/ou do tendão do bíceps. O paciente reclama de dor na face anterior do ombro, como dito anteriormente, e apresenta dor à palpação do processo corácoide, que piora ao movimentar – rodar medialmente e aduzir o braço. O sinal do impacto do processo coracóide descrito por Gerber possui alta positividade para esses pacientes, sendo considerada o teste – exame mais sensível.
O espaço entre as estruturas ósseas pode ser observada na Radiografia, mas a Tomografia é o melhor exame para calcular esta distância. O teste com anestésico na região anterior do ombro faz com que o paciente tenha melhora da dor, e auxilia neste diagnóstico. Esta rara condição tem a confirmação do diagnóstico pelo exame clínico e os exames de imagem mostram uma diminuição no espaço entre o processo coracóide e o tubérculo menor, e/ou um processo coracóide maior do que o normal, auxiliando até mesmo na indicação do tratamento. A Ressonância Magnética pode mostrar uma lesão extensa do manguito rotador e explicar uma translação – desvio para anterior da cabeça umeral, o que faz com que a distancia entre o tubérculo menor e o processo coracóide diminua.
O tratamento, de início, deve ser conservador, por meio da fisioterapia – crioterapia – analgésicos e/ou anti-inflamatórios – mudanças de atividades. Já o tratamento cirúrgico é indicado na falha do tratamento conservador. Devemos tratar não apenas o sintomas mas a causa da dor anterior no ombro. Se o paciente tem uma lesão extensa do manguito rotador, se for possível, devemos repará-la; se o paciente tem um espaço diminuído entre o Tubérculo menor e o processo coracóide, devemos ampliá-lo; assim como devemos tratar as eventuais causas dessa dor anterior no ombro. Normalmente o tratamento cirúrgico pode ser realizado por meio da artroscopia e os resultados costumam ser muito bons.
A) pré operatório B) pós-operatório
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