A Síndrome do Impacto (ou Colisão) do Ombro ocorre quando os tendões do Manguito Rotador (conjunto de quatro tendões) e a bursa subacromial (bolsa lubrificante para diminuir o atrito entre o tendão e o osso) ficam comprimidos durante os movimentos de elevação ou abdução do ombro – braço.
O manguito rotador consiste de quatro músculos: o subescapular, o supra-espinhal, o infra-espinhal e o redondo menor. Todos eles se originam na escápula e inserem-se nas tuberosidades da cabeça do úmero. Esses músculos terminam em tendões largos e achatados e formam o manguito musculotendíneo (Manguito Rotador). O manguito rotador possui três funções essenciais: estabilidade, mobilidade e nutrição da articulação glenoumeral (Ombro). Embora não participe do manguito rotador, o bíceps se localiza entre os músculos subescapular e supra-espinhal, dentro da goteira bicipital. Entre duas estruturas ósseas, a grande tuberosidade do úmero e a porção ântero-inferior do acrômio situam-se as três estruturas que são comprimidas ou “impactadas”: o manguito rotador (especialmente o supra-espinhal), a cabeça longa do bíceps e a bursa subacromial; esta compressão causa a chamada Síndrome do Impacto ou Colisão do Ombro.
A Síndrome do Impacto está associada às atividades em que o ombro trabalha acima do mesmo (principalmente em movimentos repetidos ou com esforço, diminuindo o espaço subacromial), posição em que determina o fenômeno de impacto (impingement). Acreditava-se que a dor e a impotência funcional do ombro fossem devidas a “bursites, reumatismos ou mau jeitos”, porém a teoria da compressão (do manguito rotador, da bursa subacromial e da cabeça longa do bíceps) defendida por Charles Neer observa que o manguito rotador é comprimido pelo arco coracoacromial (acrômio e seus componentes), e que essa seria a principal causa da degeneração. A teoria de Neer foi defendida por Bigliani e Morrison (1986), quando classificaram a curvatura do acrômio em três tipos: tipo I (plano), tipo II (curvo) e tipo III (ganchoso).
Nos últimos anos a importância dada a compressão óssea vem decaindo e cada vez mais se acredita na dependência da falha muscular – tendínea. Acredita-se que a lesão seja intrínseca ao tendão, que independente do formato do acrômio a compressão irá ocorrer.
O quadro clínico se caracteriza por dor com piora à noite e crepitação (estalos ou rangidos) no ombro (subacromial), força muscular geralmente diminuída no lado envolvido. Ocorre geralmente em pacientes acima de 30 a 40 anos. Classificam-se em três fases evolutivas: Fase I – Edema e hemorragia reversíveis (agudo); Fase II – Fibrose e tendinite do manguito rotador (crônica podendo ser reagudizada); Fase III – Ruptura completa do manguito com alterações ósseas (evolução natural sem tratamento).
O diagnóstico é sempre clínico, mas a confirmação por imagem pode ser obtida. Os exames de Ultrassom ou Ecografia são solicitados, normalmente associados a Radiografia com várias incidências – posições. Em alguns casos a Ressonância Magnética pode ser necessária, para avaliar o Bíceps ou para uma imagem mais detalhada. O exame físico analisa aspectos como força e movimento do ombro.
O tratamento varia de acordo com o paciente, em casos iniciais podemos fazer uso de medicamentos e correção de postura e/ou movimentos. Em casos mais intensos ou que não respondem bem ao tratamento inicial a fisioterapia associada e medicação ajudam. Já nos casos refratários e crônicos (normalmente 3 a 6 meses) a cirurgia pode ser necessária e tem como objetivo a acromioplastia (descomprimir o espaço subacromial) e realizar a retirada de processo inflamatório (sinovectomia).
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