A capsulite adesiva do ombro, também conhecida como “ombro congelado”, é uma doença idiopática, com duas características principais: dor e diminuição de mobilidade articular.

A maioria dos textos cita a descrição de Earl Codman, em 1934, no primeiro livro escrito sobre a cirurgia do ombro, quando se refere à capsulite adesiva: “Esse é um grupo de casos que é difícil de definir, difícil de tratar e difícil de explicar sob o ponto de vista da patologia”. Essa frustração acompanha os médicos reabilitadores até os dias de hoje.

Em 1992, a Sociedade Americana de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (ASES), definiu a capsulite adesiva do ombro como “uma condição de etiologia incerta caracterizada por significante restrição da mobilidade ativa e passiva do ombro que ocorre na ausência de alterações intrínsicas do ombro”.

Apesar da etiologia indefinida e da fisiopatologia não ser totalmente conhecida, alguns estudos sugerem que não apenas a cápsula articular está envolvida, mas também muitas estruturas extra-articulares participam deste processo, como o ligamento coracoumeral, os tecidos do intervalo dos rotadores, músculo subescapular e bursa subacromial.

Enquanto a contratura parece ser ocasionada por hiperplasia fibroblástica e excessiva secreção de colágeno tipo III a dor parece ser neurologicamente mediada com alterações distróficas do Sistema Simpático Reflexo em pacientes com capsulite adesiva.

O líquido sinovial encontrado é normal, porém o volume da articulação está sempre diminuído, em torno de 3 a 15 ml, comparado a 20 a 25 ml da capacidade articular normal.

Caracteriza-se por dor mal-localizada no ombro de início espontâneo, geralmente sem história de trauma. Essa dor torna-se muito intensa, mesmo em repouso, e à noite, em caráter contínuo e com piora aos movimentos. Sua intensidade costuma diminuir em algumas semanas. A mobilidade do ombro torna-se progressivamente limitada na elevação, rotação interna, rotação externa e abdução. Uma das características sempre presentes é o bloqueio da rotação externa e interna. Acomete especialmente o sexo feminino, sem predominância entre raças. O lado mais envolvido é o não-dominante. A bilateralidade pode ocorrer em 16% dos casos. Está aumentada em pacientes diabéticos em até 40%. A incidência também está aumentada em pacientes com doenças neurológicas, em uso de anti-convulsivantes, acidente vascular cerebral, dislipidemia, tireoideopatias, doenças intratorácicas, entre outras. O quadro costuma ter evolução lenta, não inferior a quatro ou seis meses, antes do diagnóstico definido, já que nesse período o paciente terá, geralmente, vários diagnósticos (como bursites, tendinites, etc.), infiltrações, imobilizações, etc.

È bem estabelecida a idéia de que o diagnóstico precoce e preciso é essencial para o início do tratamento correto. O diagnóstico preciso é realizado por meio de uma história clínica competente e de um exame físico detalhado de todas as articulações do ombro. Deve-se observar que, na fase inicial da Capsulite Adesiva, a mobilidade está preservada, o que pode levar a confusão diagnóstica com a tendinite do supra-espinhal, já que os testes irritativos são todos positivos.

A radiografia simples é normal, podendo ocorrer diminuição do espaço articular entre a glenóide e a cabeça do úmero na incidência em ântero-posterior “verdadeira” (demonstra a retração capsular).

Os objetivos do tratamento são o alívio do desconforto e a restauração da ampla mobilidade do ombro. No entanto, deve-se entender que existem duas fases distintas: (1) alívio da dor e (2) ganho da mobilidade. Ao ortopedista cabe diagnosticar e observar a evolução do caso. Em geral, os pacientes recebem tratamento inadequado sem diagnóstico pelo período médio de 3 a 6 meses de sintomas. Os melhores resultados são obtidos exatamente nesse período, caso o diagnóstico e as medidas terapêuticas tenham sido feitos corretamente. O objetivo da fisioterapia é eliminar o desconforto e restaurar a mobilidade e a função do ombro.

Os métodos que podem ser empregados para o tratamento da Capsulite Adesiva podem variar desde medicação somente ao tratamento cirúrgico, estes devendo ser avaliados corretamente pelo médico especialista.

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