Como já foi falado nesta coluna o manguito rotador consiste de quatro músculos: o subescapular, o supra-espinhal, o infra-espinhal e o redondo menor. Todos eles se originam na escápula e inserem-se nas tuberosidades da cabeça do úmero. Essas inserções musculares sofrem com o passar dos anos forças de cisalhamento (Síndrome do Impacto, coluna de 31/05/2009) e possuem uma diminuição da vascularização (zona crítica de Codman), associado a isso temos o envelhecimento da musculatura (perda de resistência e força); todas essas alterações levam ao rompimento desta musculatura; causando dores e diminuição dos movimentos e da estabilidade do ombro.

Neer (1972) descreveu as três fases evolutivas da síndrome compressiva do manguito, sendo a terceira fase a ruptura completa do manguito com alterações ósseas típicas ao raio X simples (esclerose óssea, cistos subcondrais, osteófitos na porção anterior e na articulação acromioclavicular e contato da cabeça do úmero com o acrômio, nos casos de ruptura maciça do manguito).

Existem vários testes clínicos que podem diagnosticar lesões do Manguito Rotador, associados aos métodos desenvolvidos no últimos anos, cada vez mais conseguimos diagnósticos precisos e precoces, melhorando os resultados obtidos com os tratamentos. Até os anos 70 a 80, considerava-se que a dor e a impotência funcional do ombro fossem devidas a “bursite, reumatismo, mau jeito”, e que o tratamento não atingiria resultados satisfatórios, somente obtendo quando muito o alívio das dores. Sabe-se que a dor no ombro é a segunda maior queixa em incidência no consultório ortopédico e que metade delas são oriundas de problemas no Manguito Rotador.

Hoje não se sabe quem vem primeiro, a compressão do manguito rotador (defendida por Neer, Síndrome do Impacto) ou a degeneração muscular (envelhecimento da musculatura) e essa sim seria a principal causa da degeneração.

O quadro clínico se caracteriza por dor com piora à noite e crepitação subacromial, força muscular geralmente diminuída no lado envolvido, instabilidade da articulação glenoumeral (ombro mais anteriorizado e ascendido), limitação de movimentos e sinal do “braço caído”: Ocorre geralmente em pacientes acima de 40 anos.

O diagnóstico é clínico e a confirmação por imagem pode ser obtida por meio de ecografia ou ressonância nuclear magnética. A radiografia com as várias incidências auxilia no diagnóstico e na indicação do tratamento a ser conduzido.

Segundo a maioria dos autores modernos, uma ruptura do manguito rotador tem indicação cirúrgica tão logo o diagnóstico seja confirmado, já que não há qualquer indício de cicatrização da ruptura; sua cronicidade leva à retração dos músculos, aumentando as dimensões da lesão; a possibilidade de perda gradual da função motora na cintura escapular e o desenvolvimento de capsulite adesiva do ombro; a perda contínua de líquido sinovial de dentro (ombro) para fora (espaço subacromial) pode determinar uma degeneração grave da superfície articular (artrose).

O tratamento cirúrgico pode ser aberto (cirurgia minimamente invasiva) com abordagens de 4-5 cm ou artroscópico (por video, ou popularmente chamada de cirurgia a laser). Os resultados obtidos com qualquer dos procedimentos tem sido satisfatórios, desde bem indicados pelo seu médico especialista em Cirurgia do Ombro e Cotovelo.

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